Cheguei ao seu prédio com uma amiga ...
Não sabia que ela me levaria até lá. Ou que você estaria lá.
Iríamos ao terceiro andar.
Ironicamente você abriu o portão principal, não porque chamamos, mas porque tinha que ser.
Ironicamente você abriu o portão principal, não porque chamamos, mas porque tinha que ser.
Ao primeiro andar, torpor, cheiro de enxofre, sexo ensangüentado, festas e seres de outros mundos.
Ao segundo andar, sua casa, com os resíduos da mesma festa, mas era pior, pois havia poeira por cima de tudo.
A poeira era o seu acreditar em algo já não mais acreditável.
Senti a presença e vi resíduos humanos vivos, e outros quase desencarnados.
Eu não ia a sua casa, mas você fez questão que eu relatasse com meus próprios olhos...
Que eu visse talvez o piores dos karmas.
Sua união torta com ele, onde era despejado em suas costas todo medo e angústia ...
De alguém que você não tinha, não tem ... obrigação de carregar.
Seu ‘’torto amor’’ estava praticamente desmaiado e em total estado alterado por substâncias.
Fulminou-me com o olhar, apesar de não me conhecer, acredito que seja avesso das almas.
Minha Paz incomodou-o.
Senti um baque e vi os supostos amigos a levantá-lo.
E eu a porta, após sua vontade de que eu presenciasse tudo aquilo.
Trouxeram-no até mim e senti uma batalha de vidas passadas, bem diante dos meus olhos ...
A dele quase nem habitava mais um corpo, nem a consciência.
A minha abalada, mas firme, íntegra.
Ele foi arrastado pelas escadas por mais dois, mal colocava os pés no chão.
Vomitava em meio à escada escura que já era nojenta, liguenta.
Todos trocavam as pernas na escada e acredito que ele não foi muito bem cuidado.
Voltei-me para a porta do apartamento do segundo andar, vi ...
Cortinas com espíritos torpes e pesados, móveis amontoados sem nenhuma alma, colchões repletos de filhos nunca fecundados.
Tive ânsia, medo, pavor, angústia, pressa, descontrole.
Em minhas mãos havia pequenas mudas de plantas ...
Tive ânsia, medo, pavor, angústia, pressa, descontrole.
Em minhas mãos havia pequenas mudas de plantas ...
Corri pelas escadas abaixo, deixando-as caírem ao chão.
Corri em meio à rua, não vi carros, não olhei para trás.
Se um carro me pegasse não seria nada mal, talvez eu esquecesse todo o horror.
Atravessei a via, achando que seria seguido por algumas daquelas almas negras.
Perdi minha amiga em meio à orgia, pavores, medos e horrores.
Entrei em um comércio, mãe e filha ao balcão.
Pedi um maço de cigarros, precisava fumar, mesmo já não fazendo isso há muito tempo.
Recebi um sorriso delas, eram gordas e afáveis, sem intenção ... li suas mentes.
Sem nem saber já eram praticantes de uma religião divina e conversamos sobre isso.
As palavras trouxeram-me proteção e coragem.
Olhei novamente para o prédio, agora o vendo de fora.
No primeiro andar vi falsos sorrisos em meio a festa que seguia ... bebidas fétidas e repugnantes,
olhares vampirizados assustadores.
No segundo andar vi você, sozinho, olhando para mim, pedindo ajuda, que o tirasse dali!
E perguntei-me ... O que existe no terceiro andar ? ...
No segundo andar vi você, sozinho, olhando para mim, pedindo ajuda, que o tirasse dali!
E perguntei-me ... O que existe no terceiro andar ? ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário