Jose Saramago


Saudade não tem remédio.

Karl von Frisch


Não é necessário viver a todo custo, quanto mais morrer.

Sadje na Misi de Juan Gris



Femme à la guitare de Georges Braque

Antes de Amar-te - Pablo Neruda


Antes de amar-te, amor, nada era meu

Vacilei pelas ruas e as coisas:

Nada contava nem tinha nome:

O mundo era do ar que esperava.

E conheci salões cinzentos,

Túneis habitados pela lua,

Hangares cruéis que se despediam,

Perguntas que insistiam na areia.

Tudo estava vazio, morto e mudo,

Caído, abandonado e decaído,

Tudo era inalienavelmente alheio,

Tudo era dos outros e de ninguém,

Até que tua beleza e tua pobreza

De dádivas encheram o outono.

El Viento en la Isla - Pablo Neruda


El Viento en la Isla


El viento es un caballo:
.
óyelo cómo corre
.
por el mar, por el cielo.
.
Quiere llevarme: escucha
.
cómo recorre el mundo
.
para llevarme lejos.
.
Escóndeme en tus brazos
.
por esta noche sola,
.
mientras la lluvia rompe
.
contra el mar y la tierra
.
su boca innumerable.
.
Escucha como el viento
.
me llama galopando
.
para llevarme lejos.
.
Con tu frente en mi frente,
.
con tu boca en mi boca,
.
atados nuestros cuerpos
.
al amor que nos quema,
.
deja que el viento pase
.
sin que pueda llevarme.
.
Deja que el viento corra
.
coronado de espuma,
.
que me llame y me busque
.
galopando en la sombra,
.
mientras yo, sumergido
.
bajo tus grandes ojos,
.
por esta noche sola
.
descansaré, Amor mío.

A Dúvida Metódica


1 - Tenho uns papéis com anotações de que preciso.

2 - Estudo-os, apreendo neles.

3 - Agora sei, já não preciso deles.

6 - Arquivo os papéis desnecessários.

9 - Tenho certeza daquilo que sei ?

9,5 - O que estava escrito nos papéis ?

10 - Perdi-os, preciso deles e não os tenho.

11 - Preciso deles porque não os tenho.

14 - Compro um livro que desenvolve os pontos de vista dos papéis necessários que perdi.

17 - Leio-o, instruo-me.

18 - Pronto.

19 - Distancio-me do livro.

21 - Alguém me colocou em situação difícil numa discussão, consultarei o livro.

22 - Constato que não é tão exaustivo quanto eu achava.

22,5 - Se tivesse aqueles papéis ...!

24 - Inscrevo-me num curso, faço anotações.

25 - Estudo-as, aprendo com elas.

26 - Agora sei, já não preciso delas.

28 - Decido arquivá-las, abro uma gaveta da mesa e encontro os primeiros papéis com anotações.

29 - Torno a lê-los e me parecem insuficientes, teoricamente pouco rigorosos.

30 - Onde, então, estavam aqueles conceitos esclarecedores que neles soube encontrar ?

30,5 - Onde estão os problemas que pensei ter resolvido ?

31 - Quando as minhas perguntas foram mais longe que as respostas ?

32 - Procurarei encontrar um novo texto.

34 - Compro um livro que desenvolve os pontos de vista dos papéis desnecessários que achei.

35 - São desnecessários porque os achei ?

O que vem agora, 36 ou 17 ?

Meninos não choram ( Filme )




Boys Don't Cry ( Meninos não choram ) é um filme norte-americano de 1999 do gênero drama, dirigido por Kimberly Pierce e com roteiro baseado na história real de Brandon Teena, um jovem homem transsexual que foi assassinado por dois ex-amigos seus em 30 de Dezembro de 1993.

Não Estou Lá ( Filme )


I'm Not There (no Brasil: Não Estou Lá) é um filme de 2007 inspirado na vida do cantor e compositor norte-americano Bob Dylan. Dirigido por Todd Haynes, seis atores interpretam versões de distintas fases da vida do ícone folk: Marcus Carl Franklin, Ben Whishaw, Heath Ledger, Christian Bale, Richard Gere e Cate Blanchett.

Laranja Mecânica ( Filme )




Laranja Mecânica (título original em inglês: A Clockwork Orange) é umfilme britânico de 1971, dirigido por Stanley Kubrick, adaptação do romance homônimo de 1962 do escritor inglês Anthony Burguess.
Malcolm McDowell interpreta Alex, o protagonista.
Laranja Mecânica tornou-se um clássico do cinema mundial e um dos filmes mais famosos e influentes de Kubrick.

Las Meninas de Diego Velazquez


O Moinho de Rembrandt


Os Ciprestes de Vincent Van Gogh



Ofélia de John Everett Millais


Jangada da Medusa de Géricault


Disritmia - Adélia Prado


Os velhos cospem sem nenhuma destreza

e os velocípedes atrapalham o trânsito no passeio.

O poeta obscuro aguarda a crítica

e lê seus versos, as três vezes por dia,

feito um monge com seu livro de horas.

A escova ficou velha e não penteia.

Neste exato momento o que interessa

são os cabelos desembaraçados.

Entre as pernas geramos e sobre isso

se falará até o fim sem que muitos entendam:

erótico é a alma.

Se quiser, ponho agora a ária na quarta corda,

para me sentir clemente e apaziguada.

O que entendo de Deus é sua Ira,

não tenho outra maneira de dizer.

As bolas contra a parede me desgostam,

mas os meninos riem satisfeitos.

Tarde como a de hoje, vi centenas.

Não sinto angústia, só uma espera ansiosa.

Alguma coisa vai acotecer.

não existe o destino.

Quem é premente é Deus.


Extraído do Livro: Poesia Reunida

Exausto - Adélia Prado


Eu quero uma licença de dormir,

perdão para descansar horas a fio,

sem ao menos sonhar

a leve palha de um pequeno sonho.

Quero o que antes da vida

foi o profundo sono das espécies,

a graça de um estado.

Semente.

Muito mais que raízes.


Extraído do Livro: Poesia Reunida

Sensorial - Adélia Prado


Obturação, é da amarela que eu ponho.

Pimenta e cravo,

mastigo à boca nua e me regalo.

Amor, tem que falar meu bem,

me dar caixa de música de presente,

conhecer vários tons pra uma palavra só.

Espírito, se for Deus, eu adoro,

se for homem, eu testo

com meus seis instrumentos.

Fico gostando ou perdoô.

Procuro sol, porque sou bicho de corpo.

Sombra terei depois, a mais fria.


Extraído do Livro: Poesia Reunida