Um Outro Plano ( Por Alex )


Fui levado por um homem negro, imponente e sem rosto até uma universidade. Eu seguia na frente conforme sua orientação, ele era dono de uma voz firme. Sabia que tinha que ir com ele.

Passamos por diversas salas, cheias de máquinas, outras repletas de livros e outras ainda vazias e escuras.

Por fim chegamos a uma última grande sala onde havia muito barulho e máquinas cheias de botões e luzes.

Fui apresentado a uma mulher alta, gorda e portadora de vitiligo. Controladora de máquinas e responsável pelo espaço, tinha como obrigação proteger a segurança de uma porta de aço, grande e pesada.

Após a devida apresentação, sem hesitar, o homem que me acompanhava sacou uma arma e disparou bem na altura do peito. Ela foi arremessada para trás cerca de três metros e caiu morta. Em seguida ele abriu a porta de aço e apontou a arma para mim, e disse:

Atravesse – com voz firme.

Não tive escolha e fui.

Ao atravessar a porta de fechou atrás de mim. Achei que ele iria me acompanhar, mas de qualquer maneira eu já não estava mais sob a mira de uma arma e fiquei feliz por estar vivo.

Me deparei com um bairro normal, com ruas, calçadas, casas, árvores, escolas e praças.

Caminhei tranqüilo até encontrar algumas poucas pessoas na rua, elas me olhavam sabendo que eu não era dali. Me dei conta que estava sem camisa, como se tivessem tirado de mim sem que eu percebesse. Trajava apenas bermuda e chinelo.

Perambulei por algumas quadras, tive fome e vontade de fumar.

Encontrei uma casa que me chamou a atenção, pulei o muro e ouvi vozes, homens e mulheres estavam ali, eles me esperavam.

Comi, mas ninguém fumava e apesar da vontade não pedi por um cigarro. Pedi uma camiseta, disse que estava com frio, mas se recusaram. Disseram ser impossível homens usarem camisas e que eu deveria me acostumar. Fiquei irritado, mas não me deram atenção.

Eu deveria me acostumar à maneira deles. Faziam coisas normais como trabalhar e ver TV. Então ouvi um barulho de carro, um ronco muito alto e sai na janela para ver. Era um automóvel preto que cruzava a larga rua.

Nunca havia visto um automóvel como aquele, era grande e com três rodas. Como uma grande moto, mas era carro e se locomovia com velocidade.

Todos pareciam muito empenhados em suas vidas. Passei a me sentir mal e quis ir embora. Da janela da casa onde eu estava, podia avistar construções conhecidas como a igreja do meu bairro e até o telhado da minha casa. Só não sabia como voltar. Pedi ajudar, mas não quiseram me atender. Estava fadado a ficar ali para sempre.

Os dias se passaram e fui acolhido pelas pessoas. Passei a trabalhar e viver naquela realidade. A cada dia um novo descobrimento. Uma nova rua um novo túnel ou uma passagem secreta.

Caminhávamos em túneis transparentes e a cada dia tinha mais acesso a ver o meu mundo. Podia ver até as pessoas que conhecia, mas elas não podiam me ver, quanto mais, ver os túneis deste nosso lado.

Passei algum tempo ali, ajudando nas construções, nos trabalhos diversos.

Foi quando o líder daquela comunidade veio ao meu encontro e agradeceu pelos serviços prestados e pelo empenho.

Precisei voltar, mas não houve resistência, foi tudo muito pacífico. Me foi explicado que não poderia permanecer ali, pois já tinha passado pela experiência de convivência com as pessoas e com o lugar. Então voltei para casa.

Nem deram pela minha falta, como se eu tivesse saído e voltado.

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