Nu ( Por Alex )


Adentrei o trem.

Completamente coberto e esquivando-me do frio.

A cada toque sonoro, a cada estação, mais e mais os seres me olhavam.

Mais e mais suas órbitas eram de raiva e sarcasmo.

Uma velha enrugada tomou meu cachecol.

Um homem obeso a blusa e uma peste criança o sapato.

Pouco a pouco perdi o que me era importante e necessário.

Peça por peça, sentimento por sentimento, conquista por conquista.

Dei-me conta do vento congelante.

Estava nu.

Por completo.

A princípio todos me olhavam.

Todos riam e zombavam.

Mas não me ajudavam, não por falta de pedidos.

Corri por entre os seres e me cobri,

Cobri minhas vergonhas internas.

Até que nem me olhavam,

Nem me olhavam mais.

Tornei-me transcendente.

Não houve mais o que mostrar, nem o que ver.

Passei a vaguear nu, sabendo que eu

Existia feliz ... dentro de mim.

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