Santo ( Por Alex )


Havia uma ladeira estreita de paralelepípedos com vários grupos de pessoas espalhadas. Religiosos, fiéis, doentes, pobres, todos os tipos de pessoas. Eu percorria todos os grupos conversando e ajudando-as.

Em uma parte da ladeira havia um homem, um santo vivo, de carne e osso, uma mistura nordestina, de pele morena, era magro, estava sentado em postura de lótus completa e expressava muitas influências orientais pelas suas roupas e trejeitos. Seus olhos estavam voltados para baixo e o queixo inclinado. Seus cabelos estavam raspados.

Sem pedir autorização toquei em sua cabeça, como se estive pedindo uma benção. Como se o tocando eu viesse a me tornar como ele. Ele ergueu a cabeça e me olhou com raiva e fúria, seus olhos diziam que eu jamais poderia ter feito aquilo. Me afastei impressionado com seu olhar.

Ele era um santo, tinha sua força, mas eu não poderia tê-lo tocado. Não por sua superioridade ou hierarquia. Mas porque ele não gostava de ser tachado como sublime.

O olhar de fúria quis dizer: sou exatamente igual a você, descubra você mesmo sua força, mas nunca deixem que o toquem, sinta e viva no seu espaço, não se deixe invadir.

Tudo aconteceu como se a partir daquele momento eu tivesse descoberto uma vocação espiritual, além do plano terreno.

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