Fagulha de Verdade ( Por Alex )


Existe um lugar obscuro

e deve ser habitado.


Como um Porão ... Mental ...

Como uma pontada de desconforto ... Corporal ...

Vasto, Vasta ... Enorme, Largo e Tremendo!

Concebido em pixe envelhecido do sol

e sangue coagulado ao contato com oxigênio.


Ao canto existem apetrechos

sempre soubemos que estavam ali ...

Todos eles, para limpar, purificar e varrer!


Tudo sempre está pronto dentro de nós.

O despertar se dá na hora exata.

Exatamente como deve ser, Sempre!

No instante exato da Vida.

No necessário momento da Morte.


Sempre assim,

Abre-se os olhos e está tudo pronto.

Fresco e visível!


Eu deitado para sempre

um caixão quente e confortável,

Onde deito todas as noites ...

Onde já nasceu muitos amores.


Coroas vem do céu, perfume sutil de flores.


Está Selado, consequentemente Encerrado.

!

Muito prazer em recebê-las.


Há uma linha tênue, como um fio de Vida ...

que perpassa sempre e adentra constantemente minha cabeça

chakra coronário ...

energia '' Rei '' que és toda minha, circulando pelo Universo.


No segundo em que a Morte corre as veias,

também corre a Renovação, a Luz, a Verdade e o Amor.


Sonho e realidade são a mesma coisa

Afinal, vivemos para estar entre sublimes idéias repleta de ideais

Vida e morte assim se dá

Morro para sempre para ti ... engaufinhado com certezas, lutas, batalhas

renascendo para sempre para o outro, alguém que sempre esperei, é Ele.


Que seria de nós ? Reles mortais ...

Sem o asco e o nojo, a dor e a coragem.


Nunca saberíamos ...

Seus significados ...

Suas luzes ...

Do desejo e da contemplação,

Do Amor e do Medo.


Morro pro passado, sempre Sorrindo!


Não me preocupo ...

Pois como já dizem as crianças ...

O que não me mata, me fortalece!


Ao pensar ...


Cuidado com o Ego, cuidado com o Faca, cuidado com o Silêncio.


Não importa!


Talvez seja o último momento.

Talvez seja o que resta da fagulha do porvir.

Então aproveite,

então faça o seu melhor,

então acredite nele ...


Nele e ... no Amor.


Serás retribuído, sempre, de alguma maneira e com certeza.

Vida e Morte na visão da Filosofia Budista


... um ser nada mais é do que uma combinação de forças ou energias físicas e mentais. Aquilo a que chamamos morte é o não funcionamento total do corpo físico.


Será que todas essas forças e energias se detêm inteiramente com o não funcionamento do corpo ?


O Budismo diz que '' Não ''.


A vontade, volição, desejo, sede de existir, de continuar, de cada vez mais se tornar, é uma força tremenda que aciona vidas inteiras, existências inteiras, e que move até mesmo todo o mundo. Trata-se da maior força, da maior energia no mundo. De acordo com o Budismo, essa força não para com o não funcionamento do corpo, que é a mente, mas continua manifestando-se em outra forma, produzindo a re-existência, a que se chama renascimento.


Ora, surge outra pergunta: se não existe entidade permanente e imutável, ou substância assim, como o Eu ou Alma ( atman ), o que é que pode re-existir ou renascer depois da morte ? Antes de irmos à vida depois da morte, examinemos o que seja essa vida e como ela continuará então.


Aquilo a que chamamos vida ... é a combinação dos Cinco Conjuntos ( Panca-Khandha / Skandha ), uma combinação de energias físicas e mentais. Estas se acham constantemente em transformação e não continuam sendo as mesmas por dois momentos consecutivos. A cada momento elas nascem e morrem. '' Quando os Conjuntos se erguem, tombam e morrem, ó bhikkhu, a cada momento tu nasces, decais e morres''. Assim, até mesmo agora durante esta vida, a cada momento nascemos e morremos, mas continuamos. Se pudermos compreender que nesta vida podemos continuar sem uma substância permanente e imutável como o Eu ou Alma, porque não podemos compreender que essas próprias forças podem continuar sem um Eu ou Alma nelas, depois do não funcionamento do corpo ?


Quando este corpo físico não for mais capaz de funcionar, as energias não morrerão com ele, mas continuarão a tomar alguma outra forma, a que chamamos outra vida. Numa criança, todas as faculdades físicas, mentais e intelectuais são ternas e fracas, mas tem em si a potencialidade de produzir um homem adulto. As energias físicas e mentais que constituem o chamado ser tem dentro de si próprias, o poder de adotar uma nova forma, e crescer gradualmente e acumular força até o máximo.


Como não existe substância permanente e imutável, nada passa de um momento para o seguinte. Por isso, é bem óbvio que nada permanente ou imutável possa passar ou transmigrar de uma vida para a seguinte. É uma série que continua ininterrupta, mas muda a cada momento. A série, falando-se realmente, nada mais é do que movimento. É como uma chama que arde toda a noite: não é a mesma chama, nem a outra. Uma criança cresce e se torna um homem que atinge sessenta anos de idade. Certamente o homem não é o mesmo que a criança de sessenta anos antes nem tampouco é outra pessoa. Da mesma forma, uma pessoa que morre aqui e renasce noutro lugar nem é a mesma pessoa nem é outra ( na ca so na ca anno ). É a continuidade da mesma série. A diferença entre morte e nascimento é apenas um momento do pensamento: o último momento de pensamento nesta vida condiciona o primeiro momento de pensamento na chamada vida seguinte, na verdade é a continuidade da mesma série. Durante esta própria vida, também, um momento de pensamento condiciona o momento de pensamento seguinte, de modo que, do ponto de vista budista, a questão da vida após a morte não é um grande mistério, e um budista jamais se preocupa com esse problema.


Enquanto existir esta '' sede '' a ser e a se tornar, o ciclo da continuidade ( samsara ) continua e só pode parar quando sua força impulsionadora, esta '' sede '', for cortada pela sabedoria que vê a Realidade, a Verdade, o Nirvana.

O julgamento da Alma segundo a Filosofia Egípcia



Segundo as crenças dos antigos egípcios, todo espírito deveria após a morte comparecer ao tribunal dos deuses, presidido por Osíris.

Lá acontecia um julgamento, onde se verificavam quais os humanos dignos do paraíso. Cenas retratando essas idéias são encontradas em ataúdes, templos, tumbas e principalmente em papiros funerários contendo textos que os egiptólogos chamam de '' Livro dos Mortos ''.

Convencionou-se dividir as centenas de orações dessa obra em '' capítulos '', sendo que o julgamento da alma constitui o de número 125.

O espírito apresenta-se diante de vários deuses na chamada '' sala da verdade '', onde havia uma balança. Anúbis, o deus da mumificação com cabeça de chacal, regula o pêndulo e faz as pesagens, e os resultados são anotados por Toth, deus da escrita, com cabeça de íbis. Num dos pratos da balança repousa o coração falecido - era a sede da consciência, onde estavam registradas as ações da pessoa quando em vida na terra. O outro prato da balança é ocupado pela deusa Maat, da verdade e da justiça, simbolizada por uma pena.

O falecido deveria proferir uma '' confissão negativa '' declarando que não cometera pecados ou más ações. Verifica-se então se estava sendo honesto a cada um dos 42 itens confessados.

Se o coração fosse mais leve que a verdade, o espírito era dito '' justo de voz '' e declarado '' puro '', ganhando o paraíso para uma vida de '' milhões e milhões de anos ''; caso contrário, se o coração fosse mais pesado que a pena ( considere-se não o material, mas o simbólico: consciência X verdade ) era devorado por um monstro, para desespero da alma.

Trechos da Confissão Negativa

Homenagem a ti, grande deus, senhor da verdade! Venho a ti, meu senhor, de modo que possa contemplar tua beleza. Conheço-te e conheço o teu nome, e conheço os nomes dos 42 deuses que estão contigo na sala da verdade ...

Não proferi mentira contra homem algum.

Não empobreci meus próximos.

Não cometi erros no lugar da verdade.

Não fiz nenhum mal.

Não ordenei trabalho em excesso para mim.

Não privei o oprimido de sua propriedade.

Não fiz o que os deuses abominam.

Não caluniei o servo para seu senhor.

Não causei dor.

Não provoquei fome.

Não fiz ninguém chorar.

Não matei.

Não mandei matar.

Não fiz ninguém sofrer.

Não diminui as oferendas alimentares nos templos.

Não roubei a comida dos espíritos.

Não forniquei.

Não tive mau comportamento.

Não diminuí as propriedades da terra.

Não invadi campos alheios.

Não adulterei o peso da balança.

Não tirei o leite da boca das crianças.

Não capturei os pássaros das resevas dos deuses.

Não construi uma barragem na água que deveria correr.

Não apaguei o fogo quando ardia.

Não negligenciei as datas das oferendas alimentares.

Não me opus a um deus em sua procissão.

Sou puro! Sou puro! Sou puro!

Fonte: Papiro do Escriba Ani ( Novo Reino, 19 dinastia, aproximadamente 1250 a. C. )

Pensamentos ... William Shakespeare


Há certas horas, em que não precisamos de um Amor ...

Não precisamos de paixão desmedida ...

Não queremos beijo na boca ...

E nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama ...

Há certas horas, que só queremos a mão no ombro,

o abraço apertado ou mesmo o estar ali,

quietinho, ao lado ...


Sem nada dizer ...

Há certas horas,

quando sentimos que estamos pra chorar,

que desejamos uma presença amiga,

a nos ouvir paciente,

a brincar com a gente,

a nos fazer sorrir ...


Alguém que ria de nossas piadas sem graça ...

Que ache nossas tristezas as maiores do mundo ...

Que nos teça elogios sem fim ...

E que apesar de todas essas mentiras úteis,

nos seja de uma sinceridade inquestionável ...


Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado ...


Alguém que nos possa dizer:

Acho que você está errado,

mas estou ao seu lado ...

Ou alguém que apenas diga:

Sou seu amor! E estou Aqui!

Poema do amigo aprendiz - Fernando Pessoa


Quero ser o teu amigo.

Nem demais e nem de menos.

Nem tão longe e nem tão perto.

Na medida mais precisa que eu puder.

Mas amar-te sem medida a ficar na tua vida,

Da maneira mais discreta que eu souber.

Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.

Sem forçar tua vontade.

Sem falar, quando for hora de calar.

E sem calar, quando for hora de falar.

Nem ausente, nem presente por demais.

Simplesmente, calmamente, ser-te paz.

É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender.

E por isso eu te suplico paciência.

Vou encher este teu rosto de lembranças,

Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias ...

Oração de Liberdade ( Por Alex )


E pensava ...
E imaginava ...
...
Era normal andar pela sargeta, insegurança, ódio.
As pessoas com seus formosos chapéus,
em todas as partes do mundo.
E o que está sob eles ?
Levantem as abas, já é hora.
Tenho asco, por acharem que ser simples e bondoso é ser espiritual.
Por confundirem a gratidão e a generosidade com a idiotice e a miséria.
''Caraio'' ( a la Qasio ), Porra, Merda !
Todos os termos da periférica metrópole me agradam quando se fazem necessários.
Mas a ignorância da alma, a cegueira dos olhos saudáveis e o perfume apodrecido ...
Distância!
Não caminho com Diabo, os Anjos simplesmente sorriem ...
Sem querer ...
Nada em troca!
Nada por interesse!
Nada como troféu!
Closed!
Finish!
Cerrado!
End!

Agradecimento ( Por Alex )


Obrigado!
Nem sei a quem agradeço ...
A mim, principalmente.
Se não fosse eu, eu não estaria aqui.

Me sinto belo, rosto reluzente!
Um corpo delgado e puro!

Obrigado ao passado,
e ao presente,
o futuro eu já sei qual é.

...

Percebe ?!

Os acordes do som do violão ?

Percebe !?

Aquela única nuvem no céu, se dissipando ?

Olha! ''Mira''!

Os meus ''ojos'' de falcão ...

Contemplo o rio caudaloso.

Nossas óticas distintas.

Livro ( Por Alex )


Fim de um livro,

de uma página,

fim do fim.


Todos os poemas caíram por terra,

no dia em que as portas ficaram abertas.


Abertas, meu coração, como meu coração.


Dor repleta de esperança!


Choro na glote,

feito um quadrúpede no momento fatídico.


Não sei o que eu almejava quando toquei os pés

em calçadas e ''calles'' estrangeiras, pois, bem.


Presentes, para mim e para os outros.


Com essa força vou dominar o mundo,

mesmo sem querer.


Ahhh!


Que branco e azul estes céus!


Que olhos de cor de mel!


Que paz solilóquia!


Você é tudo!


E principalmente a alma ... que sempre busquei!

Chile ( Por Alex )

Tudo tão distinto e inusitado,

Calles, Cerros, Árboles, Aves, Personas.

Como Ana ... a Caótica, a do filme ...

movimento meus braços,

sinuosamente,

longilíneos,

passos curtos ... na segurança da loucura.


Cafés, Regalos, Sapatiias, Poleras ...

À um fio de realidade,

nunca se perde,

desfazendo-se jamais.


Río Mapocho, Barrios, Plazas, Avenidas.

Um misto de sentimentos ...

ao olhar cada cena,

cada ato,

cada ''niño'' cada ''viejo''.


Em pensar que eu simplesmente imaginava ...

ou não imaginava nada.

...

A responsabilidade dentro das multi possibilidades

Com a brisa seca da cidade ...

O Sol latente e forte em meus ombros ...

Com o frio suportável em minha pele ...

...

Ao início da tarde ... que mergulhava na noite !

Da tranquilidade de um '' vaso helado '' ...

Uma noite ... arriscar foi preciso, tudo o que eu pude.

Eu ''bailando'', ''ojos cerrados'' ...

E a Mão Divina tocou meu braço.

Me encontrei em seus olhos, como me encontraria no oceano profundo !

Mudou tudo! Transformou minha vida!

O Homem Humano - Adélia Prado

O Homem Humano
Se não fosse a esperança de que me aguardas com a mesa posta
o que seria de mim eu não sei.
Sem o teu nome
a claridade do mundo não me hospeda,
é crua luz crestante sobre ais.
Eu necessito por detrás do sol
do calor que não se põe e tem gerado meus sonhos,
na mais fechada noite, fulgurantes lâmpadas.
Porque acima e abaixo e ao redor do que existe permaneces,
eu repouso meu rosto nesta areia
contemplando as formigas, envelhecendo em paz
como envelhece o que é de amoroso dono.
O mar é tão pequenino diante do que eu choraria
se não fosses meu Pai.
Ó Deus, ainda assim não é sem temor que Te amo,
nem sem medo.
...
Lo Hombre Humano
Si no fuera por la esperanza de que me espera con la mesa puestalo que no sé.
Sin su nombrela claridad del mundo no de alojamiento,
El crudo liviano en ais crestante.
Necesito detrás del sol
que el calor que se genera y que mis sueños,
más cerrada en la noche, las lámparas incandescentes.
Debido a que arriba y abajo y alrededor de la que sigue siendo
Descanso mi rostro en la arena
observando las hormigas, el envejecimiento sólo
como la edad que es amar propietario.
El mar es tan pequeño antes de que yo grito
Si no fuera mi Padre
Oh Dios, pero no sin temor de que Te amo,
No sin temor.

La Obscenidad y la Ley de Reflexión - Henry Miller


Do latim, obscenus: sinistro, fatal, indecente, obsceno.

...

Em um estado profundo adiamos a ação para sempre. Paqueramos o destino e arrulhamo-nos com mitos para nos adormecer.

Morremos com os sofrimentos de nossas próprias lendas trágicas como aranhas presas em suas próprias teias. Se há algo que merece ser chamado '' obsceno '' é esse confronto fugaz e de relance com os mistérios, esse andar até a borda do abismo, gozando de todos os êxtases da vertigem, mas relutando em ceder ao feitiço do desconhecido.

O obsceno possui todas as propriedades da zona oculta. É tão vasto quanto o próprio inconsciente, e tão amorfo e fluído como a substância mesma do inconsciente. É o que vem à tona como algo estranho, embriagador e proibido e que, portanto, paralisa e seduz quando, tal como Narciso, observamos a nossa imagem diante do espelho da nossa própria iniquidade.

É bem conhecido por todos e ao mesmo tempo menosprezado e rejeitado, razão pela qual aflora sem cessar com máscaras proteiformes, nos momentos menos esperados. Quando é reconhecido e aceito, quer como produto da imaginação, quer como parte integrante da realidade humana, inspira o mesmo horror e aversão que poderia produzir o lótus florido que submerge suas raízes na lama do rio que lhe deu origem.

Julio Cortázar

( ... )


Ao nos anunciarem sua morte, não nos disseram que morrera para nós, mas sim, que cessamos para ele, enquanto a cronópia flor da sua palavra abre-se, definitiva, a quem o merecer.


( ... )


'' A insuspeita vulnerabilidade do que chamamos ' o real ', posta a nu por meio da fantasia e uma implacável ironia, perde por vezes suas pretensas qualidades axiomáticas e revela-se como um absurdo paradoxo segundo o qual tudo começa em cada um de nós para concluir em toda a parte e em nenhuma.''

Heráclito


Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio.

Arte e Dinheiro - Infinito-Nada: La Apuesta - Pascal


É preciso apostar. Isto não é voluntário; tendes embarcado nisso. Que lado escolheremos ?
Vejamos.


Uma vez que é preciso escolher, vejamos aquilo que menos nos interessa. Tendes duas coisas a perder:


A Verdade e o Bem.


E duas coisas a empenhar:


Vossa Razão e Vossa Beatitude.


E vossa natureza tem duas coisas das quais fugir:


O Erro e a Miséria.


Vossa razão não se prejudica mais escolhendo uma coisa ou outra, já que é preciso escolher, necessariamente.


Eis um ponto vazio.


Mas e Vossa Beatitude ?


Pesemos os ganhos e as perdas, apostando a coroa que Deus existe. Consideremos estes dois casos: se ganhardes, ganhais tudo, se perderdes, não perdeis nada.


Apostai, então, porque Deus existe, sem vacilar.

Ser ou Nascer - Federico Garcia Lorca


Descobri agora uma coisa terrível. ( Não o digas a ninguém )



Eu não nasci ainda.



Outro dia observava atentamente meu passado ( estava sentado na poltrona do meu avô ), e nenhuma das horas mortas me pertencia, porque não era Eu quem as tinha vivido, nem as horas de amor, nem as horas de ódio, nem as horas de inspiração.



Havia mil Federicos Garcias Lorcas, deitados para sempre no porão do tempo; e, na dispensa do porvir, contemplei outros mil Federicos Garcias Lorcas bem passadinhos, uns sobre os outros, esperando que os enchessem de gás para voar sem direção.



Foi esse um momento terrível de medo, minha mamãe Dona Morte tinha me dado a chave do tempo e por um instante compreendi tudo.



Vivo de empréstimo, o que tenho dentro não é meu, vejamos se nasço.

Paul Eluard


Deverei produzir um outro despojamento se pretendo novamente advir.


Meu ser é a pura alteridade do que fui; se tentasse ser o mesmo, anteciparia uma imagem de estátua.


É indispensável que umbilique o espaço metafórico que me re-cria.

Pablo Neruda


Para nascer nasci, para ver a luz.


Se no momento de inspiração meu ato sacode as cinzas do que creio ter sido e descuida a miragem de vir a ser, se no meu ato alcanço a lucidez, a claridade que me remexe abre o espaço da criação.


O que advém então é inédito.


Ali sou, no cume que precede o despencar, minha alienação.


Ali nasço, ali gozo.

E mais e mais ... Do Gozo Criador ( Livro )


Si vis pacen para bellum - se quiseres a paz, prepara a guerra.


...


Nosso pobre Eu, sem um centro a que se aferrar, está constrangido a servir em três frentes:


- ao inconsciente, fábrica de mitos, inapreensível lugar de ebulição de paixões;


- às pautas culturais, que continuamente exigem renúncias pulsionais devido às normas e que é preciso se ajustar;


- à realidade, onde queríamos encontrar satisfação, mas que nos abandona ao desencontro do objeto buscado.


...


Ainda nos sonhos mais bem interpretados é necessário deixar, frequentemente, um lugar de sombras, porque na interpretação observa-se que dali surge uma madeixa de pensamentos oníricos que não se deixam desenredar, mas que tampouco têm contribuído ao conteúdo do sonho. Esse é, então, o umbigo do sonho, o lugar em que se assenta no desconhecido.

Do Gozo Criador - Trechos ...


Porque,

na verdade,

não sou em absoluto um homem de ciência,

nem um observador,

nem um experimentador,

nem um pensador.


Por temperamento,

não sou outra coisa senão um conquistador,

um aventureiro,

se quiseres traduzí-lo ...


Com toda a curiosidade,

o arrojo e a tenacidade de característica de um homem semelhante....

FELIZ ANO NOVO, PRA MIM !