Tem vez que... ( Por Maria Rosa Caldas )

Dá uma aflição no peito
Um engasgo brabo na guela
Vontade de sair que nem doida
De se jogar da janela
Como um pirão escaldante
Sem a tampa da panela
.
Essa vida corre louca
Parece vazia e sem embrulho
Não se entende o desmantelo
O martírio, o desconjuro
Que nos trazem até aqui
Pagando por todo o perjúrio
.
Quem sabe a boa conduta
A paciência e o tranquilizar
Não apontem fiel caminho
Tal qual se possa nortear
Indicando com segunrança
Local melhor para pousar
.
Amigos, amores, carinhos
Valem a pena o convívio
Mas nem sempre estão a postos
Danto calmaria e alívio
Trazendo a rotina tirana
Um pouco mais de equilíbrio
.
Sintia-me sozinha e perdida
Bandeirinha sem São João
Indigente sem cobertas
Camponês furtado o quinhão
Donzela acorrentada na torre
Pastorinha sem cordão
.
Danada de ansiedade
Traçando que nem cupinzeiro
Cegando a leitura bendita
Afastando o carinho certeiro
E fez-me mais uma vez atinar
Na saudade do meu terreiro
.
Catirina sozinha no brinquedo
A espreita do bonito galante
Torcendo pro encantado
Acertar como era antes
Sorrisos varando o cenário
E felizes seguindo, brincantes!

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