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Quando o cientista se esforça em encontrar a luz contida no núcleo dum problema, está apostando em chegar a ela e, iluminado pela verdade, contemplar a natureza alienada, transformada em domínio cultural.
Já o artista necessita, ao contrário, da escuridão que se abre mais além do saber consolidado, para ali, nesse espaço de ausência, criar sua obra.
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O poeta - desde que autêntico - , por sua vez, é apaixonado pela diferença, pela defasagem entre a palavra segura e o obsceno espaço do inefável.
É precisamente ali, nessa encruzilhada de caminhos, que se decide o fundamental. Se me desligo da meta e sei para onde vou, não me detenho com o espetáculo da suposta verdade, atraente como o brilho de lantejoulas. Por isso mesmo permaneço atento aquilo que se agita na penumbra dos bastidores.
( Sou o poeta ... )
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