'' A Índia aplicou-se com rigor inigualável a análise dos diversos condicionamentos do ser humano. Apressemo-nos a acrescentar que ela o fez, não para chegar a uma explicação precisa e coerente ( como, por exemplo, na Europa so século XIX, quando se acreditava possível explicar o homem através de seu condicionamento hereditário ou social ), mas para saber até onde se estendiam as zonas condicionadas do ser humano e ver se existe algo além desses condicionamentos. É por esta razão que, bem antes da psicologia profunda, os sábios e ascetas indianos nos foram levados a explorar as zonas obscuras do inconsciente. ( ... ) Por outro lado, não é esta antecipação pragmática de certas técnicas psicológicas modernas que é valiosa, mas sua utilização para o ''descondicionamento'' do homem. Pois, para a Índia, o conhecimento dos sistemas de 'condicionamento' não podia ter seu fim nele mesmo; o importante não era conhecê-los, mas dominá-los; trabalhava-se sobre os conteúdos do inconsciente para 'queimá-los'.''
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'' A importância considerável que todas as metafísicas indianas dão ao conhecimento, incluindo a técnica de ascese e o método de contemplação que é o Yoga, se explica mais facilmente quando se levam em conta as causas do sofrimento humano. A miséria da vida humana não é devida a uma punição divina, nem a um pecado original, mas a ignorância. Não qualquer ignorância, mas somente a ignorância da verdadeira natureza do espírito, a ignorância que nos faz confundir o espírito com a experiência psicomental, que nos faz atribuir 'qualidades' e predicados a esse princípio eterno e autônomo que é o espírito; em resumo, uma ignorância de ordem metafísica. É então natural que seja um conhecimento metafísico que venha suprimir essa ignorância. Esse conhecimento de ordem metafísica conduz o discípulo até o umbral da iluminação, isto é, até o verdadeiro 'Si-mesmo'. ''
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