Erich Fromm


Há apenas uma paixão que satisfaz à necessidade humana de unir-se com o mundo, adquirindo, ao mesmo tempo, sensação de integridade e individualidade, e esta paixão é o amor. Amor é união com alguém, ou algo, fora da criatura, sob a condição de manter a separação e a integridade própria. É uma sensação de partilha, de comunhão, que permite a plena manifestação da atividade interior. A experiência elimina a necessidade de ilusões. Não há nenhuma necessidade de inflar a imagem de outra pessoa, ou a minha, pois a realidade da co-participação e do amor ativos me permite transcender a minha existência individualizada e, ao mesmo tempo, sentir-me portador das forças ativas que constituem o ato de amor. O que importa é a qualidade particular de amar, não o objeto do amor. O amor está na sensação de solidariedade humana com os nossos semelhantes, está no amor erótico entre homem e mulher, no amor materno, e também no amor-próprio, como ser humano; está na sensação mística de união. No ato de amar sou uno com Tudo e, no entanto, eu sou eu mesmo, um ser humano singular, independente, limitado, mortal. Na realidade, o amor nasce e renasce da própria polaridade entre a separação e a união.

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